Eu fui enganada pelo livro Ioga, de Emmanuel Carrère. Achei que era um livro que me traria sentimentos bons, de como lidar com a ansiedade por meio da meditação, e a obra é uma desgraceira só.
Eu amo ler tramas sobre pessoas deprimidas, com probleminhas, porque me identifico com os protagonistas. Sei muito bem pelo que eles estão passando. Existe um certo alívio em ver que outras pessoas, reais ou não, compartilham das mesmas questões existenciais que você. Porém, talvez eu esteja exagerando um pouco no consumo desse tipo de literatura.
Ultimamente, esses livros não têm me feito muito bem, porque, ao invés de só me identificar e empatizar com esses indivíduos, tenho ido além: acabo pegando o sofrimento das pessoas para mim, dando mais ideias para minha mente já tão criativa inventar mais cenários catastróficos.
A mente do ansioso é uma grande sala de redação de filmes de drama e terror. Tudo que é ideia de sofrimento é bem-vindo nesse ambiente de criatividade tóxica. Quanto mais histórias macabras esses neurônios redatores aprendem, mais pensamentos excruciantes são capazes de construir.
Mesmo esse sendo meu tipo de literatura preferida, depois de Ioga, eu decidi parar um pouco com isso. Preciso, pelo menos, intercalar com leituras mais brandas, senão vou ter um treco grave e acabar, como esses protagonistas, em um hospital psiquiátrico.
Pior que, quando eu olho para a minha estante, os livros ainda não lidos são todos nesse sentido. Tudo história triste.
Sendo assim, decidi que vou entrar na moda da literatura de cura.
A ficção de cura, ou healing fiction, é um gênero literário que foca no desenvolvimento dos personagens e nas relações humanas, proporcionando conforto e reflexão ao leitor. Popular no Japão e na Coreia do Sul, suas histórias costumam se passar em cenários acolhedores, como livrarias e cafeterias, e podem incluir elementos fantásticos, como animais falantes e locais mágicos. O termo foi introduzido pelo psicólogo James Hillman em 1998 para descrever narrativas com efeito terapêutico, que ajudam os leitores a lidar com emoções e desafios cotidianos. Diferente da autoajuda, esse gênero não ensina diretamente, mas cria um espaço seguro por meio da literatura, oferecendo um refúgio emocional, especialmente em tempos difíceis.
Fonte
Não sei se vai dar certo. Eu sou muito reticente em relação a essas modinhas e aos hypes dos bookstuff, mas não deixa de ser uma medida de emergência. Tenho, ao menos, que dar uma chance pra essa terapia literária.
Meus amigos, leitores virtuais porque não tenho amigos leitores na vida real, ou melhor dizendo, não tenho amigos, ponto final , disseram que gostaram muito de A Inconveniente Loja de Conveniências. Não sei se dá para confiar muito numa galera que gosta de ler Senhor dos Anéis tanto quanto eu, mas vou me arriscar, pois sinto que não tenho outra opção no momento.
Contudo, decidi que vou ler Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong, porque acho que prefiro me curar numa livraria do que numa loja de conveniências. Não sei se já escreveram uma ficção de cura ambientado em uma farmácia, com certeza seria a minha cara. Mas, na falta de algo mais psicofarmacológico, vamos de livros mesmo.
Estou esperançosa de que vai dar certo… mentira. Eu acho que esse tipo de leitura não vai me pegar e que vou acabar tendo que fazer um grande esforço para chegar pelo menos até a metade do livro. Mas é aquilo, como diz o amigãozão: “Tenho medo, mas vou tentar”.
Lembrem-me de informá-los na próxima newsletter se deu certo ou não. Por enquanto, vou ficando por aqui. Beijinhos de cura no coração partido de vosotros.
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NEWSLETTERS
Falando sobre coisas que trazem conforto, a indicação de leitura dessa semana é a newsletter da Iarima, que eu acompanho no Instagram e me traz muitas alegrias com seus stories! Enjoy!!!
FILMES E SÉRIES
Em se tratando de enganação, aqui está um filme onde um senhor tenta enganar duas meninas! A atuação do Hugh Grant está maravilhosa. Eu nunca fiquei com tanto medo de um sorriso!
É a história de um homem que recebe em sua casa duas garotas mórmons, e depois que elas estão dentro da residência dessa figura tão simpática, coisas estranhas começam a acontecer. Eu amei!
LIVROS
IOGA - Emmanuel Carrère
Aqui está o livro que me enganou! Para saber mais sobre esse engodo leia meu diário de leitura.
Acho chique quem usa a palavra excruciante!
Miss, eu ri pra caramba com seu texto, perdão! Esse livro do Carrere engana mesmo.
O livro da livraria está na minha lista há séculos, mas fico insegura de investir meus parcos recursos em algo que não tenho confiança. Fico no aguardo do seu relato.
Esses livros de cura me lembram de alguma maneira o i-doser kkkkkkkk a galera muito doida achando que ia ficar doida ouvindo sons binaurais. Enfim.
Depois conta a experiência com o gênero!