Quero falar sobre remédios. Um dos meus assuntos preferidos, infelizmente.
Eu não acho que alguém que goste de falar sobre remédios seja uma pessoa feliz, mas eu sei que falar de remédios é algo que deixa as pessoas que gostam de falar de remédio muito felizes.
Veja bem, não é porque eu gosto de falar sobre remédios que eu também tenha um apreço especial por discutir doenças. Claro, até falo sobre elas, mas sempre com a intenção de chegar à solução: os remédios.
Claramente, minha classe de remédios favorita são os psiquiátricos. Não apenas porque tenho mais experiência e conhecimento sobre eles, mas também porque, admita, são os mais interessantes.
Poxa, um comprimido que pode te deixar feliz! Umas gotinhas que trazem a paz e te resgatam do inferno emocional que é uma crise de ansiedade. Como não se apaixonar?!
Agora, é nessa parte que devo puxar o freio de mão e alertar sobre os perigos da automedicação e patati patatá (não os palhaços, mas a expressão que significa "e assim por diante"). Quero deixar claro que não estou aqui romantizando o uso de drogas lícitas ou ilícitas, apenas compartilhando minha experiência e opinião sobre o assunto. Dito isso, vamos em frente:
Mas, se alguém quiser, posso falar sobre todos os tipos de remédios, desde aqueles para diabetes e pressão alta até chás e simpatias. Não são meus favoritos, mas se eu não conhecer, pode apostar que vou pesquisar a bula no Google depois.
Aliás, como uma boa leitora, adoro ler uma bula. Saber para que diabos aquela droga serve, como age no organismo, todos os efeitos colaterais e o que pode dar errado só porque você está ingerindo aquela substância, e principalmente estar preparada para caso eu precise usar esse remédio algum dia.
Porque, para uma ansiosa como eu, tudo é sobre estar preparado para quando o pior acontecer. Provavelmente, é essa a razão de eu gostar tanto de falar sobre remédios. Quero saber a solução para todas as possíveis doenças que eu possa ter. Quero a resposta antes mesmo do problema acontecer.
"Ah, os millennials adoram falar sobre remédios!" Em primeiro lugar, somos todos, ou a maioria, fudidos da cabeça. Em segundo lugar, estamos ficando velhos, e com isso nosso corpo está se decompondo em vida, então precisamos tomar mais remédios do que quando tínhamos vinte anos. Por fim, depois que você consegue dormir após semanas existindo como um zumbi, graças a uma pílula mágica, sim, você vai amar falar sobre essa bênção em sua vida!
Feita a defesa dos meus amigos pré-idosos, vamos esclarecer que eu sou uma pessoa que, além do transtorno de ansiedade, também sofre de nosofobia, o medo irracional de contrair uma doença. É diferente da hipocondria, onde você já acha que está doente. Portanto, falar e conhecer os medicamentos é uma espécie de mecanismo de defesa para mim, e por isso tão satisfatório.
Eu, na minha ilusão de doida, acredito que, ao conhecer todos os remédios, tratamentos, mandingas e superstições, estarei livre de sofrer qualquer problema de saúde. Afinal, já sei como resolver todos eles, caso eu fique doente (não, não, não, por favor, não).
As pessoas costumam dizer "É melhor prevenir do que remediar", e por que não garantir os dois? Eu sou assim. Estou preparada para tudo, de uma dor de cabeça a um apocalipse zumbi febril multiarticulado.
Ou é assim que gosto de me enganar, porque na realidade sei que é apenas um belo pensamento mágico. Veja a covid, uma doença imprevisível e grande responsável por mais esse medo que desenvolvi com sucesso.
Mas é isso, enquanto nenhum super terapeuta ou power psicólogo conseguir me curar, sigo me informando sobre o mundo farmacêutico com alegria e fazendo amigos na fila da UBS. O importante é que sempre encontro outros doidos como eu e passamos horas nos divertindo, conversando sobre diclofenacos, cloridratos e benzodiazepínicos. Pois se tem uma coisa que bons neuróticos têm em comum, é uma lista de remedinhos que carregam na bolsa só para prevenir, vai que...
Depósito de Dicas
NEWSLETTERS
E como um remedinho pra essa vontade de controlar tudo, deixo a newsletter preferida dessa semana, que foi sobre a soberania da vida, texto maravilhoso da Adriane Nobrega.
FILMES E SÉRIES
Assisti “DESTINATION WEDDING” com Winona Ryder e Keanu Reeves. O filme é só diálogo, e quase não tem outros personagens. Acho que eu gostei porque sou uma pessoa estranha e me identifiquei. São dois pessimistas neuróticos muito esquisitos, que ficam o tempo inteiro criticando a tudo e a todos, inclusive a eles mesmos. Disponível na Prime vídeos.
LIVROS
COM TODO O MEU RANCOR - Bruna Maia
Já que o assunto dessa newsletter foi remédio, vou indicar a obra da Bruna Maia, que tem a fórmula de um remedinho desses tatuado no próprio corpo, isso que é amor! E o livro dela é ótimo, uma história de vingança deliciosa com várias referências farmacêuticas!
Tem post no meu diário de leitura.
o único remédio que eu carrego comigo é dipirona para dor de cabeça, mas evito usar o máximo possível.
Lendo essa edição lembrei que tenho 'barato' quando tomo remédio para dor de cabeça, até já escrevi sobre isso hahaha Isso comprova o quant sou sensível a drogas? Talvez.
E fiquei com vontade de assistir o filme com o Keane e a Winona, me identifiquei com eles só de ler a sua descrição. Deveria me preocupar? hahaha
Abraço!