Pesquisei umas coisinhas no google e veja no que deu!
O que acontece quando uma mente extremamente criativa, pra não dizer atormentada, entra em contato com uma ferramenta já programada para nos levar ao lado obscuro da força.
Meu pai apareceu recentemente com umas bolinhas nas mãos e nos pés. Eu, com a minha incapacidade de lidar com o desconhecido, decidi que seria super legal procurar no Google o que seriam aquelas bolhas. Afinal, perebas não podem ser um câncer terminal. Ou pelo menos eu achava que não.
As pessoas que pesquisam sintomas na internet sabem muito bem que não deveriam fazer isso (portanto, pare de me julgar agora mesmo!). Sabem também que não devem se automedicar e muito menos se autodiagnosticar. Mas o que realmente buscamos não é saber qual é a doença; queremos a confirmação de que toda a catástrofe que já está rolando na nossa cabeça não é verdadeira.
Não temos medo de descobrir um câncer incurável no Google porque, na nossa imaginação, algumas manchinhas na pele já são uma nova epidemia mortal ou, no mínimo, uma dengue rara misturada com ebola e caganeira. O que queremos é o alívio de descobrir que se trata apenas de um resfriado ou de uma dermatite de contato, talvez.
Buscamos a calma e encontramos a dúvida de uma possível micose ou sífilis. E foi assim que terminei em uma fila do SUS com o meu pai para fazer um teste rápido de IST (Infecção Sexualmente Transmissível).
Sim, cheguei ao ponto de levar um senhor de 80 anos, casado há 60, extremamente tímido, por quem minha mãe “coloca as duas mãos no fogo”, para fazer um exame de sífilis. Tudo por conta do Dr. Google e da minha ansiedade paranoica.
E não para por aí!
Em outra ocasião, apareceu uma rachadura no teto do quarto da minha filha. Eu não tive dúvidas: com a certeza de que a casa iria desmoronar em poucos minutos, fui procurar por "imagens de casas pouco antes de desmoronarem" no Google (Eu sei, sou uma gênia e eu já falei pra parar de me julgar!). Por incrível que pareça, eu achei. E sim, eram idênticas às ranhuras no aposento da minha criança. Ou assim meu cérebro quis acreditar.
Eu já estava com as malas prontas quando decidi ligar para um amigo engenheiro e mandar algumas fotos. Ele, obviamente, me acalmou e disse que aquilo não era nada e que eu poderia ficar tranquila, pois a casa não iria cair. Depois, ele me ofereceu um belo orçamento de uma reforma que eu não tinha dinheiro para fazer.
Eu não saí de casa naquela noite, mas minha filha dormiu na minha cama comigo e ficou pelo menos um dia proibida de frequentar seu próprio quarto.
É esse tipo de coisa que acontece quando uma mente extremamente criativa, pra não dizer atormentada, entra em contato com uma ferramenta já programada para nos levar ao lado obscuro da força. O Google e a internet como um todo têm um viés pessimista, programado pelo próprio interesse do ser humano, que sempre presta mais atenção aos perigos e tende a ignorar as coisas boas. É um modo de defesa para autopreservação, que não seria tão ruim se ainda vivêssemos nas savanas. No mundo atual, não precisamos de mais uma ferramenta para nos estressar, mas parece que é só isso que a tecnologia tem nos ofertado ultimamente: mais trabalho e mais nervosismo. Não vou me aprofundar nesse assunto porque só queria contar esses dois acontecimentos mesmo, então vou ficando por aqui.
Ah, sim. E meu pai não tinha sífilis, era só dermatite de contato. Mas parece que o Sr. Google não gosta de respostas simples; ele sempre tem que complicar a nossa vida. Portanto, não pesquise sobre doenças ou possíveis catástrofes em nenhum buscador da internet. Faça como eu, que de agora em diante só procuro respostas no TikTok. Lá sempre tem uma dancinha ou uma trend para nos distrair, fazendo a gente esquecer dos problemas reais e ficar abduzidos por meia hora sem nem perceber.
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Aqui está uma newsletter que fala mais sobre o que a internet tem feito com nossas cabecinhas…
FILMES E SÉRIES
Assisti esse filme só por causa da Anne Hathaway, e foi um constrangimento do começo ao fim. Só que eu chorei de verdade com o final. Eu sou muito brega mesmo. O filme é horrível, a história é péssima, e eu sou uma idiota. Recomendo que você assista porque não acho justo eu passar por isso sozinha.
LIVROS
Hoje não tem livro, quero indicar o maravilhoso INSTAGRAM do Wolney Fernandes (@wolneyfernandes)! Ele é um artista muito talentoso, fala de livros, filmes, e o que eu mais gosto: colagens. Recomendo demais, não tem como não amar esse cara!
Sou péssimo em matemática, mas equação simples: ansiedade paranóica + se preocupar com pessoinhas que ama + querer proteger elas x Doctor Google = respostas catastróficas ;))) só eu li o nome do neuropsicólogo e automaticamente cantei Mmmbop?! ;)))
Uma vez, precisava escrever um texto para um curso. O tema era "nó na garganta"... fui pesquisar para ter ideias. Pra quê! hahahaha Só deu a palavra câncer hahahahaha. Resolvi deixar quieto, pq o senhor Google não tava a fim de ajudar hahaha