Sobre uma outra emoção

Hoje, não... Hoje, não... Hoje, sim!

Nesse episódio da nossa newsletter Depósito de Neuroses vou fazer o que faço de melhor na vida: me comparar e me auto depreciar.

Quando comecei esta newsletter, achei que conseguiria rir da minha desgraça. Queria seguir os conselhos da Santa Brené Brown, que diz que, quando sentimos vergonha, o ideal é compartilhar essa vergonha e brincar com a situação. Era isso que eu queria fazer, mas falhei miseravelmente.

Sempre que começo a falar das minhas neuroses, parece que a tristeza, (a "DivertidaMente" não a emoção em si), assume o controle dos meus dedos, e tudo que consigo é reclamar e chorar. Mas hoje, não. Hoje quem me guia é a pequena inveja, e vou falar de tudo que gostaria de ser, mas não consigo.

Acredito que cada escritor tem sua própria personalidade, talvez inconscientemente, mas o estilo de cada um está sempre presente. Eu amo as características de alguns autores de newsletters e gostaria de ser como eles.

Eu queria ter a revolta, o mau humor sarcástico e engraçado da Taize, da "Sou Meio Vagabunda, Mas Sou Boa Pessoa". Queria fazer os leitores sorrirem durante a leitura, como o Pedro da “Tudo bom e nada presta” faz.

Do Walter, que escreve a "Eu ainda tenho um Blog", desejo ter a capacidade de lidar com as adversidades e sempre passar um ensinamento. Queria ter o bom gosto musical da Ludmila, da "Meus Discos, Meus Livros".

Por fim, se eu tivesse só um pouquinho da genialidade da Lili Prata, cujas newsletters são todas boas, sem edições ruins, e o talento e a escrita maravilhosa da Aline Werneck, que falou de neurose mil vezes melhor do que eu nesta cartinha...

Eu sei, estou me comparando a deusas. É cruel comigo e com elas. Mas quem nunca fez isso? Essa é a minha especialidade! Vamos tentar ver pelo lado bom? Pelo menos sei apreciar as qualidades dos outros e… dificuldade em encontrar adjetivos positivos para mim mesma aqui.

Cada vez que descubro uma nova newsletter é um misto de sentimentos. Fico super feliz por ter encontrado mais coisa boa para ler, mas também quero morrer por dentro por escrever tão mal e não ser absolutamente sensacional como os novos escritores que acabei de conhecer.

Tudo que eu consigo é falar sobre mim e reclamar da minha vida e do meu fucking cérebro. Eu morro de dó de mim mesma, e isso é muito chato. Não sei como alguém lê as besteiras que eu escrevo aqui. Eu sou insuportável até pra minha própria pessoa. Estou escrevendo essas frases e me odiando cada vez mais, estou a ponto de dar na minha cara!!!

Parei.

Para a psicanálise

A inveja, como um fato clínico, é originária da intensificação do ódio, sendo mobilizada pela pulsão de morte voltada contra o próprio sujeito invejoso. O ódio tem como consequência o distanciamento de contato do invejoso com seu próprio ser. Uma situação que levaria ao esvaziamento do self, caso não surgisse a inveja como medida compensatória ao esvaziamento, sob a forma de sensorialidade.
Trata-se da sensorialidade do ódio dirigido ao que evoca as insuficiências do invejoso, tendo em vista remover a fonte de seus sofrimentos. O ódio ao beneficiário do que é desejado substitui o ódio do invejoso contra si próprio. Tal sensorialidade tem por finalidade manter algo a respeito da validade e da bondade do sujeito invejoso.

É aquilo, né? A inveja é pequena e vê os outros como gigantes, muitas vezes maiores do que realmente são. Mas sou tão boa em ver qualidades nos outros que vejo até mesmo nessa emoção tão marginalizada e malquista. Quando você sente inveja de algo ou alguém, é porque aquilo é o que você almeja. A inveja é, na verdade, um farol para o caminho que você deseja seguir. O que me faz concluir que quero escrever tão bem quanto esses escritores acima mencionados.

Para a ciência:

Na verdade, a inveja teve um importante papel. Em uma época primitiva, desejar o que o outro conseguia era um indicativo de quanto seria possível conquistar em determinado ambiente: se um macaco conseguia dois cachos de banana, mas um outro obtinha cinco, o invejoso percebia que ele também poderia voltar para casa com uma quantidade maior.

Portanto, se uma pessoa pode ter um gosto musical tão bom, eu, sendo também um ser humano 😏, tenho possibilidades de evoluir musicalmente tanto quanto ela, ou pelo menos um pouco.

Se outro escritor sempre consegue ter um final otimista para suas cartas, e ele tem um blog e eu também 😏, então da mesma forma posso fazer um final otimista para este texto.

Sendo assim, vamos continuar lendo muito e escrevendo toda semana, para que um dia eu desenvolva minha própria personalidade de newsletter e pare de invejar os outros. Bora continuar tentando. Obrigada a quem me acompanha e me atura há tanto tempo. Um dia vou melhorar e vocês farão newsletters me invejando! 😜 Me aguardem... (até parece! kkkkk)

Depósito de Dicas

NEWSLETTERS

A indicação da vez é de uma amiga que conheci na Coitadolândia, felizmente ela já não mora mais lá mas a newsletter dela está aberta à patrocinadores, eu recomendo:

Um mês na coitadolândia

FILMES E SÉRIES

Eu assisti DIVERTIDAMENTE 2, acho que deu pra perceber, e gostei muito. Quero escrever sobre ele aqui pra news se algum dia a procrastinação (personagem que eu colocaria no próximo filme) me deixar. Assistam!

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LIVROS

TALVEZ VOCÊ DEVA CONVESAR COM ALGUÉM - Lori Gottlieb

Já que essa newsletter está super neurótica, a indicação de leitura não poderia ser outra além dessa.

Se quer saber mais sobre a obra você deixe de ser preguiçose e vá no blog ler o que escrevi.